2022: o melhor, o pior e o meh
2022 voltou a ser um grande ano de leitura para mim (pelo menos até agosto... depois disso a reading slump tem sido brutal). Com o objetivo do Good Reads cumprido e 2023 a poucos dias, porque não refletir sobre os livros que fizeram o meu ano? Vamos a isto!
Comecemos pelas estatísticas (powered by StoryGraph, a melhor app livresca que descobri este ano):
Total de livros lidos: 46
Mood dominante: Lighhearted/despreocupado (para difícil já bastam todos os eventos históricos dramáticos que andamos todos a viver)
Género preferido: Romance (yup, no shame there)
Big book fear? Nem por isso, a maioria dos livros que li tiveram entre 300 a 499 páginas
Ficção ou não-ficção? Esmagadoramente a primeira, só li quatro livros de não-ficção
Formato: os livros físicos continuam a ser a maioria, mas surpreendentemente li 28% em modo digital e estreei-me nos audiolivros (14%)
Autores: Leigh Bardugo e Alice Oseman foram as rainhas do encore no meu ano
Língua: este ano li mais em inglês (27 livros) do que em português (16)
Números de livros e páginas (vejam como o meu ano foi quase constante em hábitos de leitura ahah)


Os melhores:
- Everything I Know About Love, Dolly Alderton: Ao longo dos anos passei mil vezes por este livro na FNAC e ignorei sempre... a capa gritava autoajuda, o que para mim é um redondo "NÃO". Num dos últimos dias de 2021 compreio por impulso... li-o no início de janeiro e AMEI! Este memoir e a conversa com a irmã mais velha que eu nunca tive sobre o que significa ter 20 e poucos anos e estar a aprender a navegar o mundo, nas relações com os outros e sobretudo com nós próprios.
- Six of Crows, Leight Bardugo: Eu achava que fantasia já não era para mim, mas estava profundamente enganada... Este livro prendeu-me do início ao fim, tem um elenco de personagens que eu protegeria com a minha própria vida e uma história incrível. Pensam assalto impossível, países à beira da guerra, personagens moralmente cinzentas. Simplesmente perfeito. Pontos bonús por ser uma coleção terminada, com duas duologias e uma triologia, e ter uma adaptação para a Netflix com temporada 2 agendada para o próximo ano.
- Heartstopper, Alice Oseman: Simplesmente adorável e uma história para deixar o coração mais quentinho. Não lia BD desde o primeiro ciclo, mas esta coleção fez-me regressar. O mais incrível? Está disponível gratuitamente no site da autora, que apesar do sucesso e da adaptação à Netflix mantem-se fiel aos leitores originais que a acompanham desde que ela publicava as suas vinhetas no Tumblr.
- The Nightingale/O rouxinol, Kristin Hannah: Este livro foi devastador. Destruiu-me Arrancou-me o coração, partiu-o em mil pedacinhos e voltou a pô-los na minha cavidsade toráxica sem qualquer esperança de voltar a colá-los no lugar. Este livro fez-me chorar (o que não acontecia desde que a J.K.Rowling matou o Dobby), fez-me ficar deprimida no meu quarto durante uma semana das férias de verão (o que NUNCA me tinha acontecido), fez-me querer gritar ao mundo que todos devem ler isto (o que acontece com alguma frequência eheh) e entrar numa reading slump que é quase uma ressaca depois de algo tão bom. Amei e vou sem dúvida explorar os outros títulos da autora.
O pior (verdadeiramente um dos piores que já li):
- Can You Keep a Secret?, Sophie Kinsella: Algures em junho fiz o free trial do Scribd quando estava a preparar-me para uma longa viagem de carro (que acabou por não acontecer porque apanhei covid). Queria experimentar finalmente o fenómeno dos audiolivros. Por isso, e para aproveitar ao máximo os dias de acesso gratuito a uma enorme biblioteca, entrei num binge intenso de livros de romance (o género que descobri que resulta melhor para mim em audio, porque não me perco na narrativa tão facilmente como noutros que experimentei). Este foi o pior de todos. A personagem principal tenta soar como a Bridgite Jones, que eu já mal tolero no original. É irritante, problemático, pouco original. Em suma, não sobreviveu bem ao teste do tempo e isso está patente na adaptação a filme mediocre de 2019.
As desilusões (não necessariamente maus, mas esperava outra coisa/melhor):
- Before the Coffee Gets Cold, Toshikazu Kawaguchi: Há muito entusiasmo à volta deste título no BookTube, mas percebi que não é para mim. O conceito é super interessante, mas mal aproveitado. O formato das histórias curtas foi interessante de experimentar. Não foi a melhor primeira experiência de literatura japonesa.
- The Vanishing Half, Brit Bennett: Este livro é tão promovido online e tem tauma premissa tão boa... mas pareceu quase superficial, como se estivessemos sempre a antecipar um grande desenlance que nunca acontece.
- Pão de Açúcar, Afonso Reis Cabral: Este livro estava há anos na minha estante, à espera do mood ideal. Talvez por isso tenha sido tão frustrante. O livro em si é muito bom, mas comete para mim uma falha fatal: assume que o leitor tem memória do caso real que reconta e por isso algum conhecimento prévio. Eu não tinha.
- The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald: Há livros, sobretudo clássicos, que se tornam referências culturais incontornáveis e passam a ser referenciados ad eternum noutros conteúdos. Gatsby ganhou este estatuto... daí ter sido tão desapontante ver como é curto, rápido e pouco aprofundado. Como Frankenstein, por exemplo, muita da sua grandiosidade vem do que lhe foi sendo atribuído e relacionado por outros media ao longo dos anos. Ou então precisava de o estudar dentro do contexto de uma aula de literatura para compreender realmente a sua relevância.
- Northanger Abbey, Jane Austen: Não é mau, mas depois de o Orgulho e Preconceito se ter transformado automaticamente num dos meus livros favoritos de sempre, queria mais deste.
- Os Últimos Marinheiros, Filipa Melo: tema incrível, execução não tão incrível. Os meus pensamentos sobre este ficaram neste post.