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Bookish by the sea

Bookish by the sea

Setembro 07, 2023

Há livros que nos custam horrores a ler. Este foi um deles para mim.

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Comprei O amor é fodido na Feira do Livro deste ano. Admito desde já: foi uma compra de impulso! Há algum tempo que estava curiosa para experimentar os livros do MEC, achei o título chamativo e até era livro do dia quando andava por lá a passear.

 

O título provocativo voltou a chamar por mim no final das minhas férias, quando andava à procura de uma obra curta para ler no regresso ao trabalho antes de me dedicar a projetos maiores... 

Foi doloroso. 

Uma pesquisa no Goodreads já me tinha dito que este livro, apesar de ser um dos maiores sucessos comerciais do autor, é daqueles que divide o público. Que ou se adora ou se odeia... sem meio termp E eu calhei claramente no segundo grupo. 

Pior, antes de ler encontrei um prefácio em que MEC admite: "Só o entreguei para publicação porque, juvialmente, queria que o meu primeiro romance saísse antes de eu fazer 40 anos". Como me enervou esta frase... O privilégio que é publicar um trabalho e como me parece uma desconsideração fazê-lo com essa leviandade... Se o leitor vai gastar tempo a ler algo escrito por nós, não é nosso dever entregar o melhor possível?

Relutantemente, admito que o arranque do livro é muito forte. As primeiras frases predem logo a nossa atenção, mas é uma armadilha. A partir daí é uma dor de cabeça para tentar tirar um sentido de uma mistura que nos melhores momentos parecem narrativas de episódios soltos e pensamentos apontados no momento. No pior, parece tagarelice incoerente e pura loucura.

Muito provavelmente fui eu que não percebi, mas nem o prefácio do RAP me convence que é de facto um bom livro. E isso desmotivou-me. Arrastei, comecei e acabei de ler um livro mais leve pelo meio, procrastinei os momentos de me sentar a ler.

Ainda assim continuo curiosa para ler mais MEC. Mesmo no meio dos nervos que este livro me despertou, há que reconhecer que há passagens muito bonitas: 

"Ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita do mundo."

"Às vezes julgo que, de todos os tempos que temos, os entretantos são os mais menosprezados. A quantidade de coisas, amiúde com grande valor ou efeitos duradouros, que se podem fazer enquanto o diabo, como se diz, esfrega um olho. Muito deve ele esfregar."

"Que tristez Santo Deus. / Só conversa. / Paredes-meias. O cheiro da tinta / Em vez de nos virmso, vêm-nos lágrimas aos olhos / O mal de falar. A dor de não poder segurá-la. / A angústia de já não nos lembrarmos. / Depois de tantos anos de lembrança e saudade. / O mal de fingir é que se esquece a verdade."

"As pessoas não são felizes mas sofrem duma doença muito boa, que é a ideia de felicidade. Com quê. Com quem. Quando serei feliz? Ninguém pergunta porquê."

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