Maio 07, 2023
Acho que nunca tive big book fear (ou em bom português, o tamanho do livro nunca foi um fator que me levasse a evitar grandes livros). Provei isso a mim mesma nos últimos anos, quando comecei finalmente a explorar a literatura russa (primeiro com "Os Irmãos Karamazov" em 2021 e depois com "Crime e Castigo" em 2022).
Inegavelmente são livros que me fazem ler mais devagar, que implicam desafios logísticos (seja porque as posições de leitura são limitadas e cansam rápido ou porque o livro não pode ir comigo para todo o lado como é hábito), que me retiram um pouco do entusiasmo porque o progresso não é tão notável e que por vezes me deixam frustrada ao adotarem ritmos demasiado lentos para pôr prego a fundo nas páginas finais...
Ainda assim, da minha experiência são livros que valem o investimento. Se não na experiência imediata, pelo menos a posteriori são livros que me voltam frequentemente ao pensamento.
O primeiro volume da saga Outlander não foi excessão.
Comecei a ler porque a série (e o lindíssimo Sam Heughan, que dá vida ao encantador Jamie Fraser) me despertaram algum interesse e estava num mood de ficção histórica com toques de fantasia. E embora por vezes tenha questionado se esta minha insistência em ler sempre primeiro o livro valeria mesmo a pena, se não valia mais ceder e ver só rapidamente a série, gostei bastante da história.
Diana Gabaldon fez realmente o trabalho de casa e consegue transferir-nos de forma muito convincente para a Escócia do século XVIII e para a mente de uma mulher do pós-Segunda Guerra Mundial. As personagens são bem construídas, Jamie é tudo o que um homem escrito por mulheres deve ser para valer a pena o romance, a intriga é cativante.
Lá pelo meio há algumas coisas que não fazem muito sentido por serem só aleatórios e parecerem quase desligados do resto da história (capítulo do mostro do Lago Ness estou a olhar para ti!) e várias cenas desconfortáveis com violência, nomeadamente sexual.
Sendo um livro grande, é também um pouco frustrante e promotor da minha ansiedade literária! Há várias pistas que nos vão sendo dadas como prenúncio para o que aí vem que demoram muito a concretizar-se. E claro, sabendo nós que a causa dos clãs escoceses está historicamente condenada, torna-se enervante tentar perceber quem está a salvo e quem não está.
Ainda assim, fiquei suficiente investida para continuar (eventualmente) para o segundo volume.